PREÇO DE ALIMENTOS DEVEM SUBIR POR SECA E INCÊNDIOS, DIZEM ESPECIALISTAS
Impactos devem ser sentidos em plantações permanentes, como café, açúcar e laranja
A seca e os incêndios florestais que estão afetando várias regiões do Brasil devem impulsionar o aumento dos preços dos alimentos a partir de setembro, período tradicionalmente marcado pelo encarecimento dos produtos devido à mudança de estação. Especialistas consultados pela CNN apontam que as plantações permanentes, como açúcar, café e laranja, localizadas nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, serão as mais impactadas.
A atual onda de calor é considerada a mais intensa da história, de acordo com o Centro Nacional de Monitoramento de Desastres Naturais (Cemaden), e os efeitos da escassez de chuvas estão contribuindo para um aumento nas queimadas. Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) indicam que mais de cinco mil focos de incêndio foram registrados em um período de 24 horas encerrado na manhã de terça-feira.
Felippe Serigatti, pesquisador do Centro de Agronegócios da FGV Agro, destaca o maior risco nas safras que ocorrem ao longo de todo o ano, como a cana-de-açúcar, café e laranja. Ele ressalta que o prejuízo tende a ser significativo devido à continuidade da produção desses alimentos. Mais da metade da cana-de-açúcar no Brasil vem de São Paulo e Minas Gerais, enquanto a produção de laranja concentra-se no cinturão citrícola, que abrange esses estados.
Sílvio Isoppo Porto, diretor-executivo de Política Agrícola e Informações da Conab, aponta que a laranja é uma das frutas mais afetadas pela massa de ar quente que atinge o país, causando estresse hídrico nos pomares. O impacto nas hortaliças também é previsto, especialmente na região Centro-Sul, que compreende Sudeste, Sul e Centro-Oeste, regiões importantes para a produção agrícola.
A previsão é de que os consumidores sintam o aumento nos preços dos alimentos nos próximos meses, à medida que os efeitos da seca se intensificarem. No entanto, a Conab indica que os preços dos grãos, como arroz, soja, milho e trigo, não devem subir significativamente devido à colheita já ter sido realizada.