CRIAÇÃO DE ANIMAIS PARA RETIRADA DE PELE PODE PROVOCAR A PRÓXIMA PANDEMIA, DIZ PESQUISA
Estudo realizado na China descobre que vírus de fazendas que criam visons, cães-guaxinins e raposas para obtenção de pele pode infectar pessoas
A criação de animais em fazendas para retirada de pele pode ser um fator chave para desencadear uma nova pandemia. A descoberta foi feita por um estudo de pesquisadores de doenças infecciosas, que estão pedindo medidas de biossegurança mais rigorosas em fazendas que criam animais para pele, com o intuito de impedir que bactérias perigosas passem dos animais para as pessoas.
Os pesquisadores suspeitam que esses animais são um reservatório de vírus que podem se proliferar entre as pessoas. A análise destaca que essas preocupações são válidas e que a diversidade de vírus com riscos conhecidos para humanos é ainda maior do que se imaginava. De acordo com a análise, a opção para evitar que doenças viralizem é melhorar a regulamentação e a supervisão do comércio de peles, o que inclui garantir a implementação de medidas como quarentenas de animais, redução da superlotação e regras sobre limpeza de gaiolas, fornecimento de ração e descarte de resíduos.
Indústria global
A criação de peles pode ser considerada uma indústria global, embora a maioria das fazendas seja encontrada na Europa e na China. Em 2016, fazendas na Europa produziram 39,5 milhões de peles de vison; fazendas chinesas produziram 26,16 milhões. Muitos animais criados para produção de peles são suscetíveis a vírus humanos. No início da pandemia da COVID-19, o SARS-CoV-2 se espalhou por fazendas de visons pela Europa.
Receptor humano
Os pesquisadores encontraram um vírus da gripe aviária H6N2 em um rato almiscarado (Ondatra Zibethicus) — a primeira identificação conhecida desse subtipo em mamíferos. E, mais notavelmente, eles encontraram em visons um coronavírus semelhante ao que até agora foram identificados apenas em morcegos — evidência de que fazendas de peles podem atuar como uma ponte para o vírus. Os pesquisadores classificaram cerca de 36 vírus como os mais preocupantes, por causa de sua capacidade de se proliferar entre espécies. Cães-guaxinins e visons carregavam dez desses vírus de alto risco — o maior número de todas as espécies.