QUEDA NA TAXA DE VACINAÇÃO ALERTA PARA RISCO DE VOLTA DA POLIOMIELITE

No ano passado, apenas 74% das crianças foram imunizadas

Foto: Ilustrativa

Foto: Ilustrativa

Assim como o sarampo voltou a fazer vítimas depois de cinco anos erradicado no país, também há risco do retorno da poliomelite, que teve o último caso registrado em 1989. O alerta é de especialistas em saúde pública que acompanham com preocupação a queda nas taxas de vacinação no Brasil, e o surgimento de novas infecções em outros países.

A cobertura vacinal ideal recomendada pela Organização Mundial de Saúde é de 95% do público-alvo, e ela foi alcançada no Brasil, entre 1998 e 2016. Mas de 2017 para cá, a taxa vem caindo ano a ano para níveis preocupantes. No ano passado, apenas 74% das crianças foram imunizadas, o que significa que uma em cada quatro corre o risco de ser infectada, caso a pólio ressurja no país. A coordenadora do projeto Observa Infância, que monitora mortes evitáveis de crianças no Brasil, Patricia Boccolini, reforça que a doença só foi erradicada com a vacinação em massa. Isso já demonstra que a vacina é indispensável para manter o país livre da pólio.

De acordo com o pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz Fernando Verani, atualmente apenas o subtipo 1 do vírus da pólio ainda existe no mundo, de forma selvagem, e somente em regiões do Paquistão e do Afeganistão. No entanto, com o trânsito entre os países, casos importados foram detectados este ano em Israel e no Malawi, o que acendeu o alerta das autoridades de saúde. Apesar da maior parte dos casos ter sido assintomática, Verani relata que pelo menos uma menina de 3 anos, que vive no país africano, já apresentou sequelas e adquiriu paralisia por causa da doença.

Para Verani, além da sociedade ter uma falsa sensação de segurança absoluta, muitos médicos mais jovens não sabem identificar os sintomas, pela falta de prática. Ele alerta que as autoridades brasileiras precisam reforçar a vigilância epidemiológica, para responder imediatamente, se algum caso suspeito for reportado.

E os dois especialistas concordam que a experiência do sarampo, que também é uma doença provocada por vírus, deve ser encarada como um grande alerta do que não fazer. Entre 2018 e 2021, depois de perder o selo de erradicação da doença, o Brasil registrou quase 40 mil casos de sarampo, com 40 mortes, sendo 26 crianças. Ainda assim, apenas 53% das crianças tomaram as duas doses da vacina tríplice viral, que protege também contra a caxumba e rubéola no ano passado.