PELA PRIMEIRA VEZ NA HISTÓRIA BRASIL VENCE A FÓRMULA 2

Sobrinho de pilotos brasileiros, paranaense de Maringá competiu no Brasil e na Europa antes de debutar em monopostos e é um dos maiores vencedores da F2, desbancando Charles Leclerc e Russell

Felipe Drugovich comemora o título da Fórmula 2 em Monza - Foto: Dan Istitene - Formula 1/Formula Motorsport Limited via Getty Images

Felipe Drugovich comemora o título da Fórmula 2 em Monza �- Foto: Dan Istitene - Formula 1/Formula Motorsport Limited via Getty Images

O verde e amarelo voltou a brilhar sob os holofotes do automobilismo na Europa, e brilhando como nunca na Fórmula 2, que tem pela primeira vez um campeão brasileiro: Felipe Drugovich, que fez história neste sábado ao garantir antecipadamente o título da categoria - com contornos dramáticos. O jovem de 22 anos corre desde os oito e dividiu sua carreira no automobilismo entre o Brasil e o Velho Continente antes de levar a MP Motorsport a um título inédito no degrau que antecede a F1.

O paranaense é o maior vencedor desta temporada com cinco triunfos, totalizando oito em sua passagem nas últimas três temporadas. Com a conquista no último domingo em Zandvoort, ele ultrapassou Charles Leclerc e George Russell, que faturaram sete corridas pela categoria.

O automobilismo faz parte do DNA Drugovich. O jovem de Maringá é sobrinho de Oswaldo Drugovich Júnior, campeão da Fórmula Truck, e Cláudio Drugovich, que já competiu na Fórmula Ford.

E além da família, ele tem como referências o tricampeão de F1 Niki Lauda, o heptacampeão Lewis Hamilton e o ídolo brasileiro Ayrton Senna - além de se identificar com o atual campeão Max Verstappen.

Drugovich começou a competir aos oito anos de kart, no Brasil, levando para casa oito títulos nacionais - dentre eles o do Campeonato Brasileiro de Kart, em 2011. Com 13, chegou a hora de aventurar-se do outro lado do Atlântico; na Europa, Felipe chegou a ser vice-campeão do Campeonato Europeu de Kart na categoria KFJ e permaneceu na modalidade até os 15 anos.


A estreia em monopostos

Foi em 2016 que Felipe debutou nos carros de fórmula. O primeiro passeio foi na Fórmula 4 alemã; pela equipe Neuhauser Racing, conquistou um pódio na penúltima etapa do ano em Zandvoort e foi 13º no campeonato que teve Mick Schumacher, titular da Haas na F1, como vice-campeão.

A primeira vitória na categoria veio no ano seguinte em Lausitz, já pela Van Amersfoort Racing. E Drugovich ainda voltaria a ocupar o lugar mais alto do pódio por mais seis vezes em 2017, já com 17 anos, para terminar o ano em terceiro lugar- atrás do vice Marcus Armstrong e o campeão Juri Vips, seus rivais hoje na F2.

Além de fechar o ano como maior vencedor da F4 alemã, ele também disputou e foi campeão do MRF Challenge, na Índia, e faturou uma vitória na etapa de Barcelona na Euroformula 3.

Brilhando antes da F2

Em 2018, Drugovich dominou a temporada da EuroFormula Open e fez um verdadeiro passeio em pistas já consagradas na história da F2 e da F1, como Hungaroring, Silverstone e Monza. O título da categoria com a equipe italiana RP Motorsport veio com o recorde até hoje não superado por ninguém de 14 triunfos em 16 corridas.

Drugovich teve uma rápida passagem pela F3, em 2019; competindo pela britânica Carlin Buzz Racing ao lado do japonês Teppei Natori e o americano Logan Sargeant. Porém, pontuou apenas uma vez com um sexto lugar na corrida 1 da Hungria, à frente dos colegas de equipe na classificação geral. Apesar do ano mais discreto, foi o melhor resultado de seu time no ano em questão.

Casamento que deu certo

Em 2020, o maringaense surgiu diante dos olhos do mundo no último degrau antes da F1 com a equipe que o acompanha até hoje, a MP Motorsport. Já na primeira etapa do ano, em Spielberg na Áustria, venceu a sprint race e voltaria a ocupar o lugar mais alto do pódio em Barcelona.

Ele chegou a ser desclassificado em Spa-Francorchamps por fazer um pit stop na última volta da prova, mas tornaria a cruzar a linha de chegada em primeiro no Bahrein. O saldo do ano foi um nono lugar no campeonato.


Drugovich e a equipe holandesa se separaram em 2021, quando ele se juntou à UNI-Virtuosi para correr ao lado de Guanyu Zhou. Ali, não conseguiria se encontrar e viu o colega deslanchar na briga pelo título com Oscar Piastri. Ainda assim, fechou a temporada com três pódios - e uma passagem de volta à MP Motorsport.

Trilhando o caminho da vitória

Em 2022, a briga pela liderança da F2 começou cedo, com um pódio na prova 1 de Jeddah e a vitória na corrida 2. O brasileiro assumiu a ponta da tabela até ser superado na etapa seguinte por seu maior antagonista deste ano, Theo Pourchaire, em Imola.


Felipe, porém, agarrou o primeiro lugar pra não largar mais ao levar a melhor nas duas corridas em Barcelona. A partir dali, ele abriu distância de quase 50 pontos para o francês, com destaque para a vitória em Mônaco, segurando a pressão de Theo Pourchaire nas voltas finais.

Pourchaire ensaiou uma reação contra o piloto do Brasil perto da pausa de verão, mas o líder do campeonato ganhou força após as férias, com um pódio na Bélgica em agosto e uma importantíssima vitória em Zandvoort que o deixou com uma das mãos na taça.

Com confortáveis 69 pontos de vantagem sobre o rival da ART Grand Prix, Drugovich tem cinco vitórias e mais quatro pódios até aqui.

Em outros mundos

Fora dos monopostos, Drugovich já se aventurou em outras categorias. Em dezembro de 2021, participou da All Star Race da Porsche Cup no Brasil e foi sétimo colocado. No começo deste ano, esteve na Corrida de Duplas da Stock Car. Fazendo dupla com Cesar Ramos, ele ficou em 12º na corrida 1, mas sofreu uma quebra na prova 2.

E a F1?

Por ora, Drugovich ainda não foi confirmado em nenhuma equipe para a temporada 2023 da F1, embora seja cotado para a vaga de piloto de desenvolvimento da Aston Martin ou Alpine.