CONTA DE LUZ PODE FICAR ATÉ 4,7% MAIS CARA EM MINAS COM MP QUE TRAMITA NO SENADO

Medida Provisória deve ser analisada ainda nesta semana, devido ao prazo de validade do texto que caduca em 27 de setembro

Ilustração

Ilustração

A conta de luz dos mineiros pode encarecer entre 3% a 4%, caso o Senado Federal aprove a Medida Provisória (MP) 1118/2022, em trâmite no Congresso, sem a retirada de algumas propostas que foram incorporadas na Câmara dos Deputados. Em todo o Brasil, o encarecimento nos débitos pode chegar a R$ 10 bilhões, conforme cálculos da Frente Nacional de Consumidores de Energia e pelo Movimento União Pela Energia.

Os percentuais referentes ao possível reajuste em Minas Gerais foram apurados pela Associação Brasileira dos Grandes Consumidores de Energia e Consumidores Livres (Abrace). Para os clientes que são atendidos pela Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), responsável pelo abastecimento de grande maioria dos municípios mineiros, o índice apurado foi de 4,27%. Já para quem é cliente da Energisa, o aumento deve ser de 3,71%, conforme os cálculos da Abrace.

A expectativa é de que o texto seja votado ainda nesta semana no Senado Federal, já que a proposta pode caducar em 27 de setembro. Em nota, divulgada no início do mês, a Abrace afirmou que o principal problema após a tramitação da MP na Câmara foi a concessão de um prazo, de dois anos, para que usinas de fontes renováveis entrem em operação no país. Neste período, no entanto, as operadoras das usinas mantém o direito de receber subsídios nas tarifas de transmissão e distribuição.

A extensão do prazo, entretanto, vai depender de garantias adicionais à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). "Mais um impacto que surge sem qualquer diálogo ou discussão técnica envolvendo aqueles que acabam assumindo o custo das decisões que favorecem setores econômicos sem a devida discussão esvaziando o papel do governo na formulação da política energética nacional e da Aneel na sua regulação", afirma texto da Abrace endereçado ao ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida.

Já em carta enviada à mesa diretora do Senado Federal, o presidente da Frente Nacional de Consumidores de Energia, Luiz Eduardo Barata, pediu que as emendas que tratam dos benefícios às usinas sejam retiradas. "Não podemos fechar os olhos para a crise energética mundial que vem pressionando o setor. As contas de energia já suportam encargos, impostos e subsídios que as colocam entre as mais caras do mundo. As contas de energia já consomem ¼ do orçamento doméstico dos brasileiros mais humildes", disse no texto.

Ainda segundo movimento, o subsídio garantido na MP concede um incentivo às classes de consumidores e produtores que, conforme Barata, não necessitam do benefício. "E o que é pior, sendo pago por todos os demais consumidores de todas as classes, o que, a exemplo dos subsídios concedidos a outros segmentos, deveriam ser custeados pelo Tesouro Nacional", acrescenta.

O Movimento União pela Energia, também em nota, criticou a aprovação da MP na Câmara e cobra do Senado uma revogação dos subsídios. O grupo ainda afirma que o peso na conta de luz não chegará apenas diretamente nos boletos mensais que cada consumidor paga. "Mas indiretamente com o encarecimento de todos os produtos fabricados no país", reforça.

Tramitação

A MP chegou para análise no Senado no final de agosto. A proposta perde a validade na semana que vem, o que dá ao projeto um caráter de urgência. O texto retira da Lei Complementar 192/ 2022, que reduziu tributos sobre combustíveis no Brasil, a possibilidade de concessão de benefícios tributários na aquisição de diesel, biodiesel, gás de cozinha e querosene de aviação.

Em meio às críticas, o governo federal afirma que a MP "não causa impacto fiscal", pois apenas põe fim a uma insegurança jurídica causada pela redação original da lei complementar. O Executivo alegou que a redação do artigo 9º estaria levando à judicialização da questão dos créditos, ao dar a possibilidade de interpretação de que o comprador final do combustível poderia tomar créditos dos tributos mesmo com os produtos vendidos com alíquotas zero.