PADRE RELATA AMEAÇAS E DENUNCIA GRUPO POR ENTREGA DE PANFLETOS COM INSTRUÇÃO DE VOTO EM IGREJA DE MG

Pároco Valmir Teixeira revelou ter recebido ameaças do grupo ao pedir para que os panfletos deixassem de ser entregues na Comunidade Nossa Senhora Aparecida, em Itajubá (MG).

Padre relata ameaças e denuncia grupo por entrega de panfletos com instrução de voto em igreja - Foto: Reprodução/Comunidade Nossa Senhora Aparecida

Padre relata ameaças e denuncia grupo por entrega de panfletos com instrução de voto em igreja �- Foto: Reprodução/Comunidade Nossa Senhora Aparecida

Um padre de Itajubá (MG) revelou ter sofrido ameaças de um grupo que tem entregado panfletos com instruções de voto em uma igreja da cidade. A declaração do pároco Valmir Teixeira foi feita durante uma missa, neste domingo (23), na Comunidade Nossa Senhora Aparecida.

Antes do encerramento da missa, Valmir Teixeira denunciou um grupo que seria formado por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição. De acordo com ele, os panfletos estão sendo distribuídos pelo grupo como "instruções da igreja", o que, segundo o padre, não é verídico.

"Tem um grupo tentando impor [em quem votar] pautado em muitas mentiras, precisamos filtrar muito as coisas. Eles usam, ainda, o nome da Igreja, eles escreveram no cabeçalho: "Instruções da Igreja Católica para escolher em quem votar". Está no papel que estão distribuindo por ai. Isso não é instrução da Igreja", disse o padre.

"A igreja não é lugar de propaganda política, a igreja é lugar para rezar, temos opiniões, o que é lícito, que é da democracia, todo mundo tem direito à liberdade. Somos livres", completou.


Valmir Teixeira revelou que ele e uma fiel foram ameaçados ao conversar com o grupo para pedir que os panfletos não sejam distribuídos em nome da igreja.

"Conversei com o grupo, houve ofensa e, inclusive, ameaça a uma moça que achava errado eles fazerem aquilo. Foi ameaçada, o rapaz que estava ali disse a seguinte frase: "Sei o caminho que você vai para casa e onde você mora". Ameaça direta. Eu também recebi um ou dois telefonemas também com ameaças à minha integridade física. Mas eu não tenho medo. Continuarei defendendo a verdade do evangelho", revelou.

"Não podemos fazer com que a religião se torne um aparelhamento, não deixar que a nossa religião ou as religiões sejam aparelhadas. Isso é um mal para a sociedade. Vocês concordam comigo que não estamos elegendo o presidente da CNBB? Vamos eleger o presidente da república que vai governar, que deve governar, pois é o dever dele, para os católicos, para os evangélicos, para quem não processa fé, para todas as pessoas", falou.

"Tem um grupo infiltrado nas igrejas distribuindo esse panfleto com propaganda eleitoral. Esse panfleto nitidamente com propaganda política, isso é crime eleitoral e atentado também contra a liberdade religiosa. Todos nós temos a nossa opinião, você tem a sua, eu tenho a minha para escolher o candidato que vamos votar no dia 30", comentou.

O g1 entrou em contato com o padre para mais detalhes sobre o caso. Até a última atualização desta reportagem, o pároco não tinha retornado a ligação.

O que diz o grupo

Em contato com o g1, representantes do grupo "Cristãos Leigos de Itajubá" disseram que os folhetos não desrespeitaram os padres nem as celebrações litúrgicas: "Todos foram distribuídos dentro da permissão e legislação eleitoral e sempre em locais públicos, fora das igrejas. Reafirmando: a ação realizada não é crime eleitoral e nem foi feita espaço físico pertencente às paróquias de Itajubá, muito menos dentro das igrejas".

Os representantes do grupo também disseram que desconhecem as ameaças citadas pelo padre no vídeo.

A Polícia Civil informou que nenhuma representação foi aberta sobre o caso.