MOEDA ÚNICA DO MERCOSUL SIGNIFICARIA O FIM DO REAL NO BRASIL?

O embaixador da Argentina no Brasil, Daniel Scioli, afirmou que assunto havia sido levantado em reunião com o ministro Fernando Haddad

Fernando Haddad e o embaixador Daniel Scioli se encontraram nesta terça-feira (3) - Foto: WASHINGTON COSTA / MINISTÉRIO DA FAZENDA / DIVULGAÇÃO

Fernando Haddad e o embaixador Daniel Scioli se encontraram nesta terça-feira (3) �- Foto: WASHINGTON COSTA / MINISTÉRIO DA FAZENDA / DIVULGAÇÃO

Desde o encontro entre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o embaixador da Argentina no Brasil, Daniel Scioli, nesta terça-feira (3), a criação de uma moeda comum para o Mercosul tem sido debatida nas redes sociais. O assunto foi levantado pelo diplomata, em entrevista a jornalistas brasileiros.

Muitos internautas têm afirmado que uma moeda única significaria o fim do Real e a desvalorização de uma moeda em território brasileiro - já que a vizinha Argentina vive hoje uma inflação acima de 90% ao ano. Nesta quarta-feira (4), a cotação indicava 32,88 pesos argentinos para cada um real.

Mas o próprio Scioli explicou que a intenção não é criar uma moeda oficial aos moldes do Euro, adotado pela maioria dos países-membros da União Europeia. "Isso não significa que cada país não tenha a sua moeda, significa uma unidade para a integração e aumento de intercâmbio comercial em todo esse bloco regional. E, como disse o presidente Lula, fortalecer o Mercosul, ampliar a união latino-americana, é muito importante", disse.

Procurado pela reportagem de O Tempo, o Ministério da Fazenda afirmou que não irá comentar o assunto. Até o momento, não há uma proposta oficial de moeda única para o bloco comercial, formado por Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai (a Bolívia solicita a inclusão, enquanto a Venezuela foi suspensa).

O assunto não é novo. Paulo Guedes, como então ministro da Economia, afirmou que o Mercosul deveria ter uma moeda única aos moldes da União Europeia, durante uma reunião com a comissão de Relações Exteriores do Senado, em agosto de 2021. Guedes chegou a dizer que o Brasil seria a Alemanha do bloco.

No encontro entre Haddad e Scioli, os principais temas discutidos foram a integração financeira e energética entre Brasil e Argentina e o aumento do intercâmbio comercial entre os dois países. "O Brasil é o parceiro número um da Argentina e, no contexto de crise da globalização, a vontade é fortalecer toda a nossa região, nossa complementação", afirmou.

A Argentina deve ser o primeiro país visitado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante o terceiro mandato. A previsão é que o presidente argentino Alberto Fernández receba Lula no próximo dia 23.