HESITAÇÃO DE PAIS EM VACINAR FILHOS CONTRA COVID-19 CRESCE NO BRASIL

Imagem: Divugalção/Governo do Estado de São Paulo

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A hesitação dos brasileiros em vacinar seus filhos contra a covid-19 aumentou 56,3% entre 2021 e 2022, na contramão do que acontece globalmente.

O dado faz parte de um levantamento conduzido pelo Instituto Global de Saúde de Barcelona (ISGlobal), que analisou dados de 23 países com mais de 60% da população mundial, entre eles o Brasil.

O trabalho foi publicado na revista científica Nature.

Globalmente, a disposição dos pais para vacinar seus filhos contra o novo coronavírus aumentou entre 2021, quando muitos imunizantes ainda não estavam aprovados para menores, e 2022, passando de 67,6% para 69,5%.

No Brasil, a tendência foi oposta. Houve um aumento considerável de hesitação: de 8,7% em 2021 para 13,6% em 2022.

O dado pode ajudar a explicar a baixa cobertura vacinal contra a covid-19 entre as crianças brasileiras.

Enquanto entre os adultos 85% têm pelo menos uma dose e 80% completaram o esquema primário (duas doses), entre as crianças somente 39,5% estão totalmente imunizadas e 56,83% receberam ao menos uma dose. Esses são dados do Consórcio de Veículos de Imprensa.

A aceitação das vacinas contra a covid-19 aumentou 5,2% entre 2021 e 2022 globalmente. No ano passado, 75,2% dos entrevistados se disseram dispostos a se vacinar. Neste ano, foram 79,1%.

Mas pelo menos oito países, entre eles o Brasil, estão na contramão dessa tendência. O grupo também inclui Reino Unido, China, Turquia, Quênia, México, Gana e África do Sul. A queda na aceitação das vacinas nesses países varia de -1% no Reino Unido e na China, até -21,5% na África do Sul. No Brasil, foi de 3,3%.

"A pandemia não acabou, e as autoridades devem abordar com urgência a resistência à vacina, como parte de sua estratégia de prevenção e mitigação da covid-19", afirmou o chefe do Grupo de Pesquisa em Sistemas de Saúde da ISGlobal, Jeffrey V. Lazarus, à revista.

Em relação ao reforço vacinal, o novo estudo concluiu que 12,1% dos entrevistados estavam hesitantes sobre tomar a dose adicional. No Brasil, apenas 3,6% disseram hesitar em receber o reforço da vacina.