MINAS É O ESTADO DO SUDESTE QUE MAIS REGISTROU CASOS DE CHIKUNGUNYA EM 2022

Foto: Reprodução

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O estado de Minas Gerais é o primeiro do sudeste com mais casos de chikungunya em 2022. De acordo com o levantamento do Ministério da Saúde, foram 10,5 mil casos no ano passado, número superior ao registrado pelo estado de São Paulo, com 1.624 casos. Minas também foi o segundo estado da região com o maior número de casos de dengue, com 93,4 mil registros. São Paulo foi o primeiro, com 355.479.

"É um cenário que merece atenção, já que a dengue é endêmica, cíclica. Tem alguns anos em que a gente tem esse maior registro de casos. Fica um período com números baixos e depois temos esse crescimento", alerta o médico infectologista Leandro Cury. Segundo o especialista, esse aumento também está relacionado a falta de uma campanha de vacinação em massa. "Como a população está com os anticorpos mais vulneráveis, porque ficou um determinado tempo sem a doença e não se tem uma campanha de vacinação para ter maior imunidade, a possibilidade de ter também é maior", completa.

O levantamento do Ministério da Saúde apontou que em toda a região sudeste foram 80,9 mil casos de dengue, 14,2 mil casos de chikungunya e 431 casos de vírus. Os números fazem parte de um cenário de alerta já que os casos das doenças aumentaram no país se comparado ao ano de 2021. Os casos de dengue cresceram 162,5%, os de chikungunya 32,4% e os de zika 42%.

Em Belo Horizonte, os números de casos acompanham o cenário nacional. O levantamento da Secretaria Municipal de Saúde apontou que foram 106 casos em 2022 e 52 em 2021, um aumento de 103%. A capital também registrou 1212 casos de dengue no ano passado, um número 13% maior que o registrado em 2021, com 1072.

Durante coletiva de imprensa realizada no dia 12 de janeiro, o prefeito Fuad Noman (PSD) alertou sobre os números de casos. "A prefeitura de Belo Horizonte está muito atenta a essas doenças, temos feito um trabalho muito grande para evitar mais casos e mortes", afirmou o prefeito. Ainda segundo Noman, para combater o mosquito transmissor, a capital pretende intensificar as visitas preventivas. "Nós vamos insistir muito que as famílias façam o dever de casa e verifiquem os focos nas residências", completou o prefeito, que também informou que em 2021 foram realizadas 4.000 visitas a residência e locais com maior risco de infestação.

De acordo com o Levantamento Rápido do Índice de Infestação por Aedes aegypti (LIRAa), 83,3% dos focos do mosquito foram encontrados em ambiente domiciliar. A maior parte deles em pratinhos de planta (26,5%), inservíveis (19,2%), recipientes domésticos (10,2%), barris e tambores (7,5%) e pneus (6,3%).

Para o médico infectologista Leandro Cury, é importante que o poder público e as pessoas fiquem atentas aos focos dos mosquitos. "A gente precisa ter em mente que é preciso vigiar os focos de criadores antes da época de chuva e não no verão, quando já tem muita água. Isso porque quando a chuva começa, o ovinho já eclodiu", aponta. Ainda segundo o especialista, além desse cuidado, a população pode se prevenir com o uso de repelentes. "É uma forma de se proteger também , você evita o inseto. Mas hoje a nossa principal forma de prevenção é o combate ao vetor (mosquito)", completa.

Além das vistorias em residências, a fim de identificar pontos de infestação, a prefeitura de Belo Horizonte desenvolve ações para enfrentar o mosquito transmissor da doença. Desde outubro de 2020, a prefeitura, junto a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz Minas) e o projeto World Mosquito Program, trabalha na fabricação de mosquitos com uma bactéria que possui capacidade reduzida de transmitir o vírus para as pessoas, diminuindo surtos de dengue, zika, chikungunya e febre amarela.

Outras medidas adotadas são os sobrevoos de drones, que ajudam a identificar possíveis focos em locais de difícil acesso. Também é feita a aplicação de inseticida a Ultra Baixo Volume (UBV) para o combate de mosquitos adultos, além da instalação de armadilhas no intervalo de quinze dias. Essas armadilhas possuem o objetivo de verificar os pontos da cidade com o maior número de ovos do mosquito, já em fase adulta. A partir desse levantamento, são identificadas as regionais com maior incidência e, a partir disso, definidas ações de enfrentamento, como mutirões de limpeza e visitas às casas.