TEMENDO RISCOS, POPULAÇÃO LUTA CONTRA VINDA DE MINERADORAS PARA PIUMHI

Descaracterização do solo ocasionada por extração de minério/ Reprodução Internet

Descaracterização do solo ocasionada por extração de minério/ Reprodução Internet

Piumhi localizada no centro-oeste de Minas Gerais, a aproximadamente 266 km de Belo Horizonte, oferece diversas opções de turismo para visitantes que buscam conhecer a cultura e a natureza da região.

Reconhecida pela hospitalidade de seus moradores, que sempre acolhem calorosamente seus visitantes, é chamada de "Cidade Carinho". O turismo em Piumhi atrai dezenas de turistas devido ao seu o próspero comércio, os seguimentos de aventura, ecoturismo, religioso, gastronômico e rural.

A possível instalação de três mineradoras na região dos mirantes da Onça e da Belinha e também na Serra do Andaime em Piumhi para a extração de ferro, manganês e cromo fez com que um grupo de piumhienses se mobilizasse, já que eles temem os impactos da atividade no município, podendo inviabilizar os negócios voltados para o ecoturismo e turismo rural. Além disso, a mobilização serve para alertar a população sobre riscos ambientais, sociais e para a saúde caso as empresas comecem a atividade extrativista na região.

O conselheiro titular do Contur (Conselho Municipal de Turismo), Ricardo Guia explicou que um dos moradores da região da Belinha foi procurado pelas empresas para vender as suas terras e a partir disso o grupo começou a ser mobilizado.

As empresas mineradoras possuem solicitações em andamento na Agência Nacional de Mineração (ANM) em etapas diferentes que visam a exploração de três minérios na região. Dentre eles o cromo que possui amianto, substância cancerígena. Para Ricardo, o foco é barrar os projetos para que eles não sigam adiante.

O assessor jurídico da prefeitura de Piumhi, Davi Cândido disse que o município ainda não recebeu nenhum requerimento ou documento por parte das mineradoras, do Estado ou da União.

Piumhi possui uma lei de 2012, que declara como patrimônio ambiental turístico e cientifico a bacia do Ribeirão Araras, como também é proibido a instalação de empreendimentos de qualquer espécie que venha alterar ou trazer riscos as condições naturais do rio em seus aspectos estéticos, físicos, químicos, biológicos ou volume de sua vazão acima da barragem de captação do Serviço Autônomo de Água e Esgoto.

Estão previstos atos na cidade para chamar a atenção dos piumhienses sobre a importância dos mirantes da Onça e da Belinha, além de mobilizações no legislativo e um abaixo-assinado que já está disponível para quem desejar aderir.

O JORNAL 104 FM solicitou à Agência Nacional de Mineração (ANM) informações sobre as atividades de mineração em Piumhi, mas até o momento não obtivemos respostas.

PIUMHI E A HISTÓRIA DO CROMO

Tudo começou quando o francês Roberto Saint-Martin, radicado em Piumhi fazia uma caminha pela Serra do Andaime, ocasião em que encontrou um minério diferente, recolhendo amostras. Levou essas amostras para que um laboratório fizesse análise para a sua identificação.

Depois de muitas dificuldades o exame foi realizado e descobriu-se tratar-se de "cromita" – o minério de cromo. Esse minério era utilizado na fabricação de ferro e sua descoberta coincidiu com um momento de real necessidade: necessidade de metal para a fabricação de armas, caminhões e elementos bélicos para a 2ª Guerra Mundial. A exploração desse minério foi tão importante para a economia de Piumhi que está representada no brasão e na bandeira do município através do cromo e uma picareta.