ABUSO DE DESCONGESTIONANTE NASAL CAUSA DEPENDÊNCIA E AUMENTA RISCO CARDÍACO

ABUSO DE DESCONGESTIONANTE NASAL CAUSA DEPENDÊNCIA E AUMENTA RISCO CARDÍACO


Bastam algumas gotinhas para o ar voltar a entrar pelas narinas e aquela sensação de entupimento, passar. Só quem convive com alergias e inflamações nas mucosas do nariz sabe o poder de influência que um bom descongestionante nasal pode ter em sua qualidade de vida.


Essa influência pode ser medida nas bolsas, gavetas e criados-mudos de seus usuários. Os frasquinhos contendo substâncias vasoconstritoras, como a nafazolina e a oximetazolina, estão em todo lugar. Não há viagem de final de semana que se sustente sem uma unidade extra na mochila, nem uma caminhada mais longa possível ou noite tranquila, sem uma boa aplicação para desobstruir as vias áreas.


Não é exagero dizer que esses hábitos caracterizam uma dependência dos descongestionantes, não só psicológica, como também química. Isto porque o uso contínuo desses medicamentos, que deveriam ser aplicados em períodos de no máximo três dias, causa justamente o efeito inverso do esperado por seus usuários: uma congestão crônica, provocada pela substância e a chamada rinite medicamentosa.


Outro problema é a dessensibilização, que ocorre quando o corpo para de reagir com as doses máximas recomendadas em bula.


Na teoria, os vasoconstritores servem para comprimir os vasos que ficam inchados quando passamos por uma crise alérgica ou inflamatória, além de resfriados e gripes. São mais de 85 medicamentos oferecidos no mercado que oferecem essa ação rápida, com base nesse tipo de substância, de acordo com a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).


Não são apenas os hipertensos que devem cortar os descongestionantes de sua lista de compras. Correm risco também se usarem: gestantes, pacientes com doença cardíaca ou na tireoide, diabéticos, quem possui glaucoma e rinite crônica.


O vício nessa substância é comum na Espanha. Por lá, os usuários chegam a se reunir em grupos online e pessoais para discutir formas de se livrar do uso da oximetazolina, a fórmula mais difundida no país para o efeito descongestionante.


Em publicação oficial, a Anvisa informou que os descongestionantes tem eficácia e segurança aceitáveis testados durante o momento de registro das substâncias, mas alerta que ainda que utilizados corretamente, podem ocorrer "eventos imprevisíveis, desconhecidos e até mesmo graves", decorrentes das aplicações.

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