'ESTÁ DIFÍCIL, MAS MUITO GRATA PORQUE A GENTE RENASCEU', DIZ SOBREVIVENTE

Fotógrafa, que estava em uma das lanchas atingidas por paredão, foi uma das três pessoas ouvidas pela Polícia Civil nesta sexta-feira (14). Ao todo, 17 depoimentos já foram realizados.

Ana Costa e Alexandre Campello, sobreviventes da tragédia em Capitólio, prestaram depoimento nesta sexta-feira (14) - Foto: Raquel Freitas/g1

Ana Costa e Alexandre Campello, sobreviventes da tragédia em Capitólio, prestaram depoimento nesta sexta-feira (14) �- Foto: Raquel Freitas/g1

"Ao mesmo tempo em que está difícil, eu estou muito feliz, muito grata. Porque eu acho que – acho, não, tenho certeza – que a gente renasceu. É um misto de sentimentos, mas é muita gratidão de poder estar aqui. Os ferimentos não são nada perto do que a gente passou. Foi um pesadelo, mas passou. E a gente vai levando um dia de cada vez e agradecendo a todo mundo, por Deus, por a gente poder estar aqui vivos."

O desabafo é da fotógrafa Ana Costa, de 49 anos, uma das sobreviventes da queda do paredão em Capitólio. Com braço quebrado e curativos, às vésperas de a tragédia completar uma semana, ela carrega no corpo as marcas do acidente.

"Eu acho que o que a gente tem que pensar é daqui para frente. Tem que ver quais as medidas de segurança que têm que ser tomadas, manter uma distância maior dos paredões, colocar obrigatoriedade do uso do colete salva-vidas para todos, porque os coletes com certeza salvaram as crianças. Tem que pensar daqui para frente, mas eu acredito que tenha sido uma fatalidade", disse ela.

O jornalista, de 51 anos, também prestou depoimento nesta manhã. O casal conta que, antes da tragédia, viu pedras caindo do cânion. Após o alerta de uma amiga delas, o marinheiro começou a manobrar a lancha para se distanciar do paredão. Mas não houve tempo.

"As pedras caíram, a gente viu realmente. Mas, para mim, no momento que eu vi, eu achei absolutamente normal porque, como você está próximo do paredão, você não consegue ver a fissura lá em cima. As lanchas que estavam mais distantes conseguiam ver a fissura, mas a gente, não. Eles começaram a gritar, mas a gente também não escuta", disse.

Demora no resgate

Assim como Ana, Alexandre acredita que se tratou de uma fatalidade. Mas ele reclama da demora no socorro e disse que houve "falha" no resgate.

"Eu não tenho a dimensão exata do tempo, mas ficamos mais que meia hora aguardando o socorro da Marinha e não teve socorro nenhum. Até que chegou ao ponto que os próprios barqueiros falaram: 'Vamos colocar todo mundo que está ferido no barco e vamos levar para terra'. Se não fosse isso, a gente ia ficar lá infinitamente aguardando", afirmou.

O g1 Minas entrou em contato com a Marinha, que não havia se posicionado até a última atualização desta reportagem.