LETALIDADE DA COVID-19 ENTRE IDOSOS AINDA PODE CHEGAR A 12%

Foto: Ilustração

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No início da pandemia, em 2020, 2,3% do total de pessoas que eram contaminadas pela Covid-19 morriam em Belo Horizonte. Tanto que, naquele ano, dos 112.391 casos confirmados na capital, 2.572 evoluíram para óbito. Agora em 2022, o índice de letalidade geral caiu para 0,7%. Porém, entre a população idosa, o indicador ainda está em taxas preocupantes e chega a 12,1% para a população com mais de 90 anos.

Os dados constam no boletim semanal divulgado pelo Comitê Popular de Combate à Covid, que reúne várias entidades e especialistas. Neste ano, 2% das pessoas com 65 a 69 anos que pegaram coronavírus morreram. Entre a população de 70 e 74 anos, a letalidade já sobe para 3%; entre 75 e 79 anos sobe para 4,8%; entre 80 e 84 anos vai para 8%; entre 85 e 89 anos chega a 8,2%.

O infectologista e um dos responsáveis pelo compilado de dados, Unaí Tupinambás, explica que a principal explicação para o cenário é a cobertura vacinal. "Os que não vacinaram ou não têm o esquema vacinal completo estão mais vulneráveis. No caso da população idosa, o ideal é ter tomado quatro doses de vacina ou, no mínimo, três para reduzir os riscos de complicações pela doença", explica o especialista. Segundo ele, o que ocorre é que há muitos casos de pessoas que não concluíram o esquema vacinal em função de uma falsa sensação de segurança. Mas, ele alerta: "A pandemia não acabou e os cuidados precisam ser mantidos".

Ele explica que a vacinação, mesmo que ainda sem a adesão ideal, já trouxe resultados positivos. Tanto que a taxa de letalidade entre a população mais idosa já esteve em 25% no primeiro ano da pandemia, em 2020. "Houve uma redução considerável das mortes já com as primeiras doses", diz.

Outro fator de risco é a flexibilização sem adoção de medidas de proteção como uso de máscaras e álcool em gel, higienização adequada das mãos e isolamento ao apresentar sintomas gripais. "A taxa de letalidade geral está baixa porque entre os mais novos as complicações têm sido menos frequentes mesmo. Mas, é importante lembrar que jovens têm contatos com idosos. E eles estão em risco maior", diz o especialista.

Muito longe do normal

Apesar da falsa sensação de que a vida voltou ao normal para uma parcela da população, o levantamento mostra que a chamada taxa de normalidade está em 68%. Ou seja, bem longe do ideal de 80%. O dado leva em conta questões como: letalidade nas últimas dez semanas, total de casos, percentual de população vacinada, dentre outras.

"Antes, nós levávamos esse dado em consideração para decidir sobre a flexibilização em Belo Horizonte. Quando não estava em 80%, eram adotadas medidas como fechamento de estabelecimentos, redução do número de alunos em sala de aula e outros ambientes fechados. Óbvio que com a vacinação não cabe mais pensarmos em fechar os estabelecimentos, mas esse indicador é importante para nos sinalizar que o risco ainda existe e os cuidados precisam ser tomados pela população para a doença não avançar", explica Unaí.

A título de comparação, a taxa atual de 68% é pior do que as registradas de agosto a dezembro do ano passado, quando o uso de máscara é obrigatório na capital, por exemplo. Apesar de o avanço da doença ser de difícil previsão, por depender de muitas variáveis, Tupinambás explica que há uma expectativa de o quadro piorar nas próximas semanas, com melhora prevista para o mês de julho.