CRUZEIRO RETORNA A SÉRIE A, APÓS VITÓRIA CONTRA O VASCO

Quase 60 mil torcedores testemunharam a vitória de 3 a 0 sobre o Vasco e o retorno do time estrelado à elite nacional.

Reprodução/ Internet

Reprodução/ Internet

Da forma que fosse, o Cruzeiro voltaria à elite. Se não fosse na noite de quarta-feira, contra o Vasco da Gama, calharia de suceder em alguma das andanças que ainda restam pelos diversos quadrantes desse Brasil que escancara porteiras e estradas secundárias para quem se aventura pela Série B -- e nas últimas três temporadas o time estrelado de Minas Gerais tornou-se conhecedor íntimo de cada palmo desse chão que os grandes clubes a todo custo tentam evitar.

O Cruzeiro subiria de qualquer forma porque sobrou desde o início da competição, permitindo que a torcida tivesse uma temporada regada a balanço na rede e chá de camomila após longos e árduos anos deitado em colchão de arame e precisando engolir bebendo vinagre no café da manhã -- sem gelo e sem fazer cara de choro. Foram nada menos que 106 partidas para consolidar o retorno, que acontece com sete rodadas de antecedência, um recorde.

Que a volta tenha se definido, agora também amparada nas ciências exatas e não apenas em evidências, em um jogo da envergadura do clássico nacional contra o Vasco é apenas um afago do destino que desde 2019 se mostrava carrasco. Era partida com ares de elite: pelas camisas envolvidas, pelo palco histórico e pelo público digno de decisão continental -- mais de 59 mil desafogadas almas cruzeirenses estiveram no Mineirão, maior marca da temporada. O placar categórico de 3 a 0 serviu ao mesmo tempo como carta de despedida e bilhete rascunhado que anuncia o retorno.

Ao longo do campeonato, o Cruzeiro mostrou-se o time mais organizado da Série B, sob o competente comando de Paulo Pezzolano. É claro que a escalação está aquém de qualquer ambição possível na primeira divisão, mas isso é assunto para quando acabar a noite de hoje, que será longa como o próprio caminho de volta. O que importa enquanto a manhã não chega é que, assim como cantou Roberto Carlos, o cruzeirense enfim chegou em frente ao portão, viu seu cachorro sorrir latindo e colocou as malas no chão. Foi abrindo a porta devagar, o retrato na parede da Série A já meio amarelado, entregou-se a dois braços abertos que lhe recebiam e enfim voltou pra onde é o seu lugar.