MINAS LIDERA RANKING DA CHIKUNGUNYA NO PAÍS

Foto: Ilustração

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Minas Gerais é o estado com maior número de mortes e casos de chikungunya no país. Com 53.972 registros prováveis no monitoramento feito pelo Ministério da Saúde, o desconfortante primeiro lugar está isolado dos demais. Completam as três primeiras posições do ranking negativo o Espírito Santo (3.633) e o Mato Grosso do Sul (2.386).

Analisando a incidência da doença no estado – referência usada para medir quantos moradores estão doentes a cada 100 mil habitantes, Minas registra o coeficiente de 262,8. Também na liderança do país, o número equivale a mais de seis vezes a média nacional, que é de 40,7. Ao todo, são 82.714 casos prováveis de chikungunya no Brasil, com 31 mortes confirmadas e 57 em investigação. Somente em Minas, já são 21 óbitos confirmados.

Um dos principais focos da chikungunya está no Vale do Rio Doce, onde cidades se aglomeram na mancha de incidência muito alta ou alta. Conforme mostra o Painel de Monitoramento da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), há 96 municípios na lista dos mais preocupantes. Mas, embora eles puxem o estado para o primeiro lugar também em mortes provocadas pela enfermidade no Brasil, o número de casos prováveis é bem inferior aos que vêm sendo alcançados pela dengue, na pior epidemia dessa outra arbovirose na história de Minas.

No caso da dengue, a situação da distribuição territorial é inversa à da chikungunya. Todo o mapa fica "vermelho", cor usada para identificar os pontos de concentração da doença, com mais de 800 municípios com incidência muito alta. Somente 17 cidades se salvam, e são apontadas em verde no documento da SES. Nelas, o coeficiente de incidência é baixo, com menos de 100 doentes a cada 100 mil habitantes.

Mas já esteve pior. Em 2023, os casos de chikungunya em Minas Gerais bateram recorde. Foram 101.816 prováveis, com 85.333 confirmados. Segundo o ministério, no ano passado houve uma dispersão territorial do vírus no Brasil, principalmente para estados da Região Sudeste. Antes, as maiores incidências concentravam-se na Região Nordeste.

As características clínicas da infecção por chikungunya são parecidas com as dengue, mas, enquanto a primeira enfermidade provoca mais edema e dor incapacitante nas articulações, a outra se destaca por dores em todo o corpo. Ambas provocam febre, dor de cabeça, dor atrás dos olhos entre outros sintomas.

Há três fases de evolução da chikungunya. A primeira é febril ou aguda, dura de 5 a 14 dias. Há também a pós-aguda, com curso de 15 a 90 dias e, ainda, a fase crônica, quando os sintomas persistem por mais de 90 dias após o início. Segundo o ministério, em mais de 50% dos casos, a dor nas articulações torna-se crônica e pode durar anos.

Neste ano, até ontem, foram notificados 54.583 casos prováveis em Minas Gerais, sendo 34.559 confirmados para a chikungunya. Há 22 óbitos em investigação e 21 mortes confirmadas, uma a mais que o registro de quarta-feira (13/3). A letalidade da chikungunya é de 0,06% sobre os casos confirmados.

Combate ao mosquito

Com a chikungunya aprofundando ainda mais a pressão no sistema de saúde provocada pela epidemia de dengue, Minas planeja mais um dia com mutirão de para eliminar os focos de Aedes aegypti. Segundo informou o secretário de Estado de Saúde, Fábio Baccheretti, em coletiva de imprensa na quarta-feira, cerca de 350 municípios já aderiram à ação do "Dia D", marcada para 23 de março. O primeiro evento, no início do mês, teve a adesão de 546 cidades. Estão planejados mutirões comunitários e ações de mobilização para orientar e conscientizar a população de que a responsabilidade diária de manter ambientes dentro das casas é também do cidadão.

Conforme o Painel de Monitoramento das Arboviroses da SES, até ontem, foram notificados 577.229 casos prováveis de dengue em Minas Gerais, dos quais 211.768 foram confirmados. Há 354 óbitos em investigação e 88 confirmados. A letalidade da doença é de 2,58% sobre os casos de dengue grave ou com sinais de alarme.

Quanto ao vírus zika, há 122 casos prováveis e 14 confirmações. Esse número é o mesmo há dois dias. Entretanto, a SES-MG informa que, desde 2018, não há casos confirmados de zika por métodos diretos de identificação viral, o exame RT-PCR. Por isso, os municípios são instruídos a fazer uma avaliação bastante criteriosa e, após essa investigação, alguns casos são reclassificados por não atenderem critérios para mantê-los como confirmados.