SOBREVIVENTE DA QUEDA DE PAREDÃO EM CAPITÓLIO FAZ 'VAQUINHA' PARA PILOTO COMPRAR LANCHA NOVA

Ana Costa, de 49 anos, estava com a família em uma das lanchas que afundaram após a queda do paredão no dia 8 de janeiro. O veículo aquático foi destruído e um novo custa R$ 400 mil.

Foto: Ilustrativa

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Enquanto se recupera do susto, dos ferimentos e das dores físicas e mentais, após a tragédia em Capitólio, a fotógrafa belo-horizontina Ana Costa, de 49 anos, criou uma 'vaquinha' para arrecadar dinheiro para o piloto da lancha, onde ela estava com a família, comprar outra.

O veículo aquático, atingido pelo paredão no dia 8 de janeiro, ficou destruído.

Quando soube que o valor de uma nova lancha custa em torno de R$ 400 mil e o passeio pelo "mar de Minas" era a única renda do piloto, ela e alguns familiares resolveram ajudar.

"Ficamos muito preocupados com a situação dele, que ainda não tinha terminado de pagar a lancha e não tinha seguro também. Nós estamos bem e vivos, agora é ajudar. Fiquei pensando como ele ia continuar a vida dele? Foi daí que tivemos a ideia", disse a fotógrafa, que teve um dos braços quebrados e escoriações pelo corpo após o acidente.

Até as 16h desta quarta-feira (19), eles já haviam arrecadado quase R$ 8 mil.

"O que a gente conseguir arrecadar é lucro, vai ajudar demais ele a se reerguer. Nosso sentimento é de gratidão pela vida, agora é olhar para o próximo", disse Ana.

'Estou sem acreditar até agora', diz piloto

Em conversa com o g1 Minas, na tarde desta quarta-feira (19), o piloto Guilherme Rodrigues de Oliveira, de 30 anos, disse que ficou surpreso com a iniciativa da Ana e de seus familiares.

"Apesar de estarem se recuperando, eles se sensibilizaram com a minha situação. Fiquei muito surpreso, muito feliz, estou sem acreditar até agora. No mundo de hoje, muita gente não olha pro próximo e eles estão empenhados em me ajudar", disse.

Enquanto não consegue comprar uma lancha nova, Guilherme está atualmente trabalhando como pedreiro em Capitólio.

"Para mim já deu tudo certo: o que eu tinha de mais valioso na lancha eram as vidas que foram salvas, os passageiros, o marinheiro. O resto a gente corre atrás, mas estou feliz com tudo o que eles estão fazendo por mim".

O acidente

Ao todo, 10 pessoas morreram após na tragédia no Lago de Furnas, em Capitólio, no dia 8 de janeiro, às 12h30. Segundo o Corpo de Bombeiros de Minas Gerais, 27 pessoas ficaram feridas.

Ainda não se sabe as possíveis causas da queda do paredão, mas o Ministério Público de Minas Gerais abriu um inquérito para apurar se havia sinalização no lugar do acidente e mapeamento e fiscalização nas áreas de risco.

Polícia Civil e Marinha do Brasil também investigam o acidente.