NOVO MÉTODO PODERÁ MOSTRAR COM PRECISÃO QUEM ESTÁ PRESTES A TER UM INFARTO OU AVC

Pesquisadores descobriram o local exato onde as placas ateroscleróticas se rompem e uma enzima associada à área exata onde isso ocorre

Foto: Ilustração

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Pesquisadores da Universidade de Lund, na Suécia, identificaram o local exato onde as placas ateroscleróticas se rompem, levando a um infarto do miocárdio ou derrame. Eles também identificaram uma enzima, a MMP-9, que está associada à área onde as placas se rompem e é um marcador para futuras complicações cardiovasculares.

Os cientistas esperam usar a MMP-9 como uma ferramenta para prever quais pacientes correm o risco de ter um ataque cardíaco ou derrame e também para desenvolver novos tratamentos que reduzam o risco de ruptura da placa.

O estudo foi publicado no Journal of the American College of Cardiology nesta segunda-feira (5).

A aterosclerose é o acúmulo de placas de gordura – compostas por colesterol, substâncias gordurosas, resíduos celulares, cálcio e fibrina (um material de coagulação do sangue) – nas paredes dos vasos sanguíneos, endurecendo-os.

Esse processo, que ocorre com o passar dos anos e é influenciado por alguns fatores, como altos níveis de colesterol e triglicerídeos, por exemplo, leva frequentemente a casos de infarto agudo do miocárdio, acidente vascular cerebral, angina (dor no peito), doença arterial periférica (nas pernas) e doença renal crônica.

A OMS (Organização Mundial da Saúde) estima que 17,9 milhões de pessoas morram anualmente vítimas de doenças cardiovasculares, sendo a aterosclerose um fator de risco importante.

O grupo de cientistas da Universidade de Lund identificou que as placas ateroscleróticas nas artérias coronárias frequentemente se rompem em um local próximo ao coração, uma descoberta inédita.

Durante o estudo, eles também constataram uma forte associação entre a enzima MMP-9 e a área de ruptura das placas. Indivíduos com altos níveis da enzima estariam, portanto, com mais chances sofrer um infarto ou um AVC.

Os autores do trabalho apostam que, no futuro, a MMP-9 poderá ser usada como um marcador para identificar pessoas que tenham um risco elevado desse tipo de doença cardiovascular.

"Nosso estudo mostra que a MMP-9 é um marcador de futuras complicações cardiovasculares . Em estudos posteriores, queremos investigar se é possível inibir a enzima para que ela se torne menos ativa e assim evitar a ruptura da placa. Porém, é importante que esse tratamento não gere efeitos colaterais indesejados, pois a enzima tem outras funções importantes no organismo", diz em comunicado a autora do estudo, Isabel Gonçalves, professora de cardiologia na universidade.