MINISTÉRIO DA SAÚDE COMEÇA A DISTRIBUIR VACINAS DA DENGUE, MAS SÓ PARA 60% DOS MUNICÍPIOS

Foto: Reprodução Internet

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Nesta quinta-feira à noite, o Ministério da Saúde começou a distribuir as doses da vacina da dengue Qdenga, da farmacêutica japonesa Takeda, para uma primeira parte dos 521 municípios selecionados para serem contemplados pela campanha inédita de imunização contra a doença no Sistema Único de Saúde (SUS).

Neste primeiro momento, um lote inicial com 712 mil aplicações é enviado a nove estados (GO, BA, AC, PB, RN, MS, AM, SP e MA) e o DF, que juntos representam 315 das 521 cidades escolhidas (60%). Brasília e e Goiás, que estão em estado de emergência pela alta da dengue, receberam as primeiras unidades ontem, e os demais vão receber ao longo dos próximos dias. No DF, a aplicação das doses começa já nesta sexta-feira com crianças de 10 e 11 anos, seguindo recomendação do Ministério, saiba em que locais.

"A operação logística do Ministério da Saúde irá trabalhar ininterruptamente nos próximos dias para garantir a entrega o mais breve possível", diz a pasta. "Conforme a entrega de novas remessas, a previsão é que todos os 521 municípios recebam doses para a vacinação da faixa etária de 10 a 11 anos até a primeira quinzena de março".

O público-alvo da campanha neste ano engloba jovens de 10 até 14 anos, mas a pasta diz que vai começar a vacinação pelos de 10 a 11 por representarem o maior índice de hospitalização pela dengue. Além disso, afirma que, pela entrega das vacinas ser escalonada durante o ano, a estratégia "permite que mais municípios recebam as doses neste primeiro momento".

Ao longo de 2024, o Ministério tem acordado com a Takeda a entrega de 6,5 milhões de imunizantes, quantidade suficiente para proteger 3,2 milhões de brasileiros. O total "garantirá a vacinação de todo o público-alvo, de 10 a 14 anos, nos municípios selecionados, ao longo dos próximos meses, de forma progressiva", pontua a pasta.

As cidades foram escolhidas para fazerem parte da campanha de 2024 com base em três critérios: ter população superior a 100 mil habitantes, ter uma alta transmissão de dengue neste ano e em 2023 e ter maior predominância do sorotipo 2 do vírus, responsável pela maior parte dos casos hoje no Brasil.

Para 2025, está acordado com a farmacêutica o envio de mais 9 milhões de unidades, suficientes para proteger outras 4,5 milhões de pessoas. Além disso, o Ministério diz que "coordena um esforço nacional para ampliar o acesso a vacinas para dengue", atuando com Fiocruz e Butantan para viabilizar a produção de imunizantes no país.

No instituto paulista, por exemplo, já há uma vacina, em dose única, na fase final dos testes clínicos e que poderá ser produzida nacionalmente. Segundo dados publicados recentemente, a eficácia da aplicação foi de 79,6% para proteger contra a infecção ao longo de um período de dois anos, semelhante à da Qdenga.

A Qdenga foi aprovada pela Anvisa em março de 2023 para pessoas entre 4 e 60 anos. Nos estudos clínicos, o esquema de duas doses, aplicadas num intervalo de três meses entre elas, demonstrou uma eficácia geral de 80,2% para evitar contaminações, e de 90,4% para prevenir casos graves.

A expectativa do Butantan é submeter o pedido de aprovação para uso à Anvisa no segundo semestre para, se receber o sinal verde, a dose ser disponibilizada a partir de 2025.

Vacina na rede privada

Enquanto a vacinação caminha devagar na rede pública, a Qdenga também pode ser encontrada na rede privada por valores que vão de R$ 350 a R$ 490 a dose, segundo levantamento do GLOBO. Como o esquema envolve duas aplicações, com um intervalo de três meses entre elas, o preço final fica de R$ 700 a R$ 980.

Segundo dados da Associação Brasileira de Clínicas de Vacinas (ABCVA), a busca pela dose em locais particulares explodiu no último mês. Foram 4.923 doses aplicadas em janeiro, um salto de 110,3% em relação ao número registrado em dezembro: 2.341. Ao todo, foram 13.290 de aplicações, entre primeiras e segundas doses, desde que o imunizante chegou ao Brasil, em julho do ano passado.

No entanto, a ABCVA destaca que algumas unidades já relatam não ter mais a vacina em estoque. "É importante ressaltar que algumas clínicas privadas já relataram a falta do imunizante em algumas regiões devido à alta procura", afirma a entidade em comunicado.

O motivo é a priorização por parte da farmacêutica da campanha que terá início no Sistema Único de Saúde (SUS), já que há um quantitativo limitado de doses que a Takeda consegue produzir. Na última segunda-feira, o laboratório emitiu um comunicado em que afirma que o fornecimento na rede privada será restringido para apenas o necessário para que aqueles que receberam a primeira dose completem o esquema vacinal.

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