POLICIAIS MILITARES DE MINAS GERAIS DEVEM USAR TASER E CÂMERAS NA FARDA A PARTIR DE OUTUBRO

Em São Paulo, mortes em ações policiais caíram 46% com uso do equipamento.

Agentes em operação na cidade de Pouso Alegre (MG). - Foto: Polícia Militar

Agentes em operação na cidade de Pouso Alegre (MG). �- Foto: Polícia Militar

Minas Gerais começa a definir os detalhes do projeto-piloto que colocará câmera nas fardas dos policiais militares de todo o estado.

Uma reunião entre o Ministério Público estadual e a Polícia Militar nessa quinta-feira iniciou a construção do projeto.

A expectativa é de que em outubro, os agentes estejam usando câmeras no fardamento e também usem armas de menor potencial ofensivo, os tasers.

Em 2021, o MPMG aprovou R$ 4,2 milhões para a compra dos aparelhos de filmagem e o mesmo valor para a aquisição de armas de choque. Se o uso da primeira leva dos materiais apresentar resultados satisfatórios, a ideia é que todo o contingente policial do estado seja treinado e passe a utilizar câmeras na farda.

"O uso das câmeras, em conjunto com os outros equipamentos, irá produzir maior segurança para o trabalho policial e trazer maior transparência para a ação. E o projeto-piloto nos dará condições de avaliar o funcionamento e de desenhar o melhor uso desses equipamentos", afirmou o chefe do Estado-Maior, Coronel Eduardo Felisberto Alves.

A PM realiza o processo de aquisição dos equipamentos e a elaboração do procedimento operacional padrão. Em seguida, a corporação realizará o treinamento da tropa.

O Ministério Público de Minas Gerais confia que a utilização das câmeras, armas de menor potencial ofensivo e o treinamento dos militares vai proporcionar melhor estrutura para combate ao crime.

"Também vai ser um elemento de aprimoramento do trabalho policial e de otimização do emprego de força. Assim teremos uma polícia cada vez mais tecnológica, com normativas próprias e treinamentos apropriados, cumprindo com sua finalidade de proteger os seres humanos", disse o promotor Francisco Angelo Silva Assis.

A expectativa é que no final do ano, MPMG e PMMG tenham um relatório sobre o projeto-piloto.

"Vamos trabalhar o projeto-piloto em todo o estado, porque precisamos testar o funcionamento desses equipamentos nas diversas realidades, tanto sociais e culturais, como de interação com a comunidade", ressaltou o Coronel Eduardo Felisberto Alves.

A Justiça espera com a ação trazer mais segurança para os militares e para o cidadão.

"Esperamos para este ano já ter resultados sobre o uso desses equipamentos, tanto para a proteção do policial - que terá como melhor fundamentar suas intervenções, evitando o uso de arma de fogo em certos casos - quanto para o cidadão, que terá mais um elemento de proteção", ponderou o promotor Francisco Angelo Silva Assis

Os órgãos ainda não divulgaram as cidades que serão escolhidas como teste para o projeto.

Sucesso em São Paulo

Atualmente, 18 batalhões paulistas utilizam as câmeras durante o trabalho policial, que inclui patrulhamentos nas ruas, abordagens e até perseguições a suspeitos. Desde que eles passaram a usar os equipamentos, em junho do ano passado, até setembro, o número de mortes decorrentes da atividade policial caiu 46% em todo o estado, na comparação com o mesmo período de 2020.

A PM informou ao g1 que mais 15 batalhões do estado passarão a usar os equipamentos a partir de 31 de janeiro de 2022. A expectativa da PM é a de que 33 batalhões paulistas tenham as câmeras até o final deste ano, alcançando todas as unidades da capital e da Grande São Paulo.

O programa de implantação de novas 7 mil câmeras, tem três fases. A primeira forneceu 2.539 equipamentos a partir de 31 de janeiro. A segunda fase distribuiu, em abril, 2.556 câmeras, e a terceira, pretende equipar os militares com mais 1.905 unidades até agosto.

A corporação não informou qual o nome da empresa vencedora da licitação das 7 mil câmeras nem quanto pagou pela compra dos equipamentos.

Além da capital, batalhões de mais sete cidades do estado já possuem as câmeras: São Bernardo do Campo, Carapicuíba, Sumaré, São José dos Campos, Campinas, Guarujá e Santos. Com a aquisição de mais equipamentos, outros municípios também passarão a contar com eles.

Câmera flagrou execução

Em 9 de setembro do ano passado, policiais militares do Batalhão de Ações Especiais (Baep) de São José dos Campos, no interior paulista, foram flagrados por câmeras acopladas nas próprias fardas executando a tiros um jovem desarmado e rendido, suspeito de envolvimento em um roubo na cidade. O rapaz morto foi Vinicius David de Souza Castro Gomes, de 20 anos (veja acima).

Para forjar uma reação da vítima, os policiais alteraram a cena do crime colocando uma arma sobre o corpo do jovem, além de adicionar um outro revólver no local. A vítima fazia parte de um grupo de cinco jovens que teria assaltado um mercado e, por isso, foi perseguido pelos agentes que estavam na viatura da PM.

Um dos rapazes que estava no carro com os suspeitos perdeu o controle do veículo, bateu em um poste e três dos jovens se renderam. Outro fugiu a pé, mas foi alcançado e preso. A denúncia foi revelada pelo g1 e pelo "Fantástico". Os agentes envolvidos foram afastados, e a Corregedoria da Polícia Militar acompanha o caso.